Te convido a acreditar quando digo... futuro.

Bem vindos; a pretensão aqui é mínima. Vamos desnaturalizar o óbvio?! Libertar corpo e mente desencantando o mundo.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O QUE É CERTO NA SUA CONVICÇÃO?


"De tanto ver triunfar as nulidades,
de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem-se
os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar
da virtude, a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".

Rui Barbosa
Créditos imagem: Rayane Bianchi

terça-feira, 27 de abril de 2010

FILME: “As Melhores Coisas do Mundo” (2010). O Cinema Brasileiro não se resume só a fome e miséria.


“Não é impossível ser feliz depois que a gente cresce. É só mais complicado.” Assim, encerra-se o filme “As Melhores Coisas do Mundo”, dirigido competentemente por Laís Bodanzky.

Uma das maiores críticas sobre os filmes brasileiros é o fato de a temática sempre tratar sobre pobreza e violência que vem das periferias. Porém, Laís Bodanzky (O Bicho de Sete Cabeças) inova em seu terceiro longa ao colocar em cena adolescentes de classe média.

O personagem principal é Mano (Francisco Miguez), é um adolescente de 15 anos que não sabe o que quer da vida. E a vida coloca Mano de frente para todos os problemas que vem durante a trajetória rumo à maturidade adulta: a cobrança dos amigos para perder a virgindade, busca por um lugar na sociedade, paixão não correspondida, separação dos pais, homossexualidade, bulling, preconceito, etc.

O script, baseado na série de livros "Mano", de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, foi refinado com ajuda de laboratórios de adolescentes que mapearam essa geração e contribuíram com diálogos do seu dia a dia para enriquecer a trama e aproximar-se da realidade do expectador. Vale lembrar que os atores, quase todos sem experiências anteriores, arrasaram nas atuações lançando mão do improviso, como o protagonista, Francisco Miguez, e Daniela Rocha, que interpreta Carol, melhor amiga de Mano. Além, é claro de talentos consagrados como Denise Fraga, Caio Blat, Paulinho Vilhena e celebridades do momento, como Fiuk.

Durante a trama todos os fatos e fofocas ocorridos dentro e fora do colégio são registrados por uma aluna aspirante a jornalista que compartilha tudo com os outros pela internet, através de seu Blog, ao estilo Gossip Girl; além de Pedro (Fiuk) o irmão mais velho de Mano, que é sentimental e reservado, e só compartilha seus sentimentos através de seu Blog. Mas o filme mostra que a informação digital, ainda não se sobressai sobre o gosto de escrever em um diário ou bloquinho de notas com papel e caneta, como no caso de Carol que escreve tudo que está pensando no seu diário pessoal, sem precisar publicar na internet tudo que se passa no colégio, onde a maior parte da trama é rodada.

Interessante é que durante os momentos tensos do filme, sempre há os personagens adultos tentando mostrar os caminhos, demonstrando a importância de se posicionar na vida, e escolher os próprios caminhos, sendo forte e persistente naquilo que se acredita. Em um momento é a mãe compreensiva, em outro o instrutor de violão que se torna confidente, ou o pai que ensina o respeito e a tolerância ao próximo.

Certo é que “As Melhores Coisas do Mundo” vem esclarecer muitas das dúvidas e anseios de jovens adolescentes e ajuda a responder questionamentos dos pais, que devem entender que estamos em outra era, e a forma de se educar os filhos já não é mais a mesma como eles vivenciaram décadas atrás.

Corajosa a escolha do tema, por girar em torno da classe média brasileira, e ser polêmico e suscetível de críticas pesadas por parte de setores da sociedade, como ao abordar a questão da homossexualidade. Mas o filme não pecou em nada, nem na trilha sonora, regrada de Something - The Beatles. PERFEITO.

Engana-se quem está pensando que "As Melhores Coisas do Mundo" é mais um filme "de adolescentes". É, na verdade, SOBRE adolescentes! E está longe da mesmice da miséria e violência registrada nas telas do cinema nacional.

VALE A PENA CONFERIR.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

HOMOSSEXUALIDADE CRIME? EU PENSEI QUE HOMOFOBIA DEVERIA SER CRIME.

Se você é Brasileiro , homossexual, e acha que vive o preconceito na pele por causa da sua orientação... sinta-se sortudo; você está no paraíso. E eu que pensei que a homossexualidade em nossa contemporaneidade, em plena era da liberdade de expressão, da “livre” escolha do modo de vida, estava cada vez mais adentrando nos recintos conservadores da sociedade como algo mais natural, respeitoso e tolerável. Não. Estou completamente enganada. Ou melhor, iludida.
Domingo, dia 25 de abril de 2010, vi uma reportagem que expressa bem a estagnação dos valores retrógrados dos seres humanos; valores esses socialmente padronizados e impregnados de hipocrisia, diga-se de passagem. O programa Fantástico, transmitido pela emissora Rede Globo, apresentou uma matéria sobre um projeto de lei ANTIGAY em Uganda, país do continente africano. Segundo o referido projeto de lei ANTIGAY de Uganda, caso seja aprovado pelo parlamento, qualquer pessoa que se declarar homossexual pode pegar prisão perpétua e, dependendo do agravante, como persuadir crianças à homossexualidade, pode ser punido com pena de morte. O deputado David Bahati, autor do projeto de lei, defende que a homossexualidade não é um direito do ser humano, é um mal e como tal deve ser criminalizada.
ESPERA, em que mundo estamos??? Eu que pensei que a homossexualidade já não era tanto um tabu, que era apenas uma questão de abrir nosso leque de valores conservadores jogando-os ao vento e respeitando o modo de vida e o direito de amar do próximo. Quanta inocência. AINDA Estamos na era da intolerância; parece que quanto mais individualista a sociedade nos torna, mais egoísta ficamos com os outros, mais intolerante e, ESTRANHAMENTE, mais interferimos na vida alheia.
O que faz os gays tão diferentes a ponto de serem considerados criminosos por querer expressar seu amor? Os padrões HETERONORMATIVOS da sociedade, que policiam comportamentos, os quais devem ser seguidos à risca sob pena de repressão social e talvez até legal, como no caso de Uganda. Sim, é isso que faz os gays tão diferentes. Transgredir leis sociais pode ser tão intolerável quanto transgredir leis legais. Afinal, você acha que um ladrão sofre preconceito como um homossexual? É... a lei mesquinha dos mortais pode matar você, homossexual. Você não possui direito de amar livremente quem quiser, mas o colarinho branco pode roubar seu dinheiro, pode fazer programas extraconjugais como forma de entretenimento.
O pior de tudo é que o autor do projeto de lei ANTIGAY de Uganda, diz ter se baseado na Bíblia para a formulação de seu projeto. As Escrituras Sagradas são passíveis de milhares de interpretações. Eu já a li, e nunca vi sequer citação da palavra homossexualidade ou coisa semelhante. Se for pela interpretação desse deputado, devemos informar a ele que há citações que insinuam práticas de incesto na Bíblia, o que de fato é socialmente hostilizado em várias sociedades. Mas isso não é o que acho e nem vem ao caso; apenas esclarece que o autor do projeto é mais um sujeito que se utiliza de um instrumento poderoso e formador de opinião como a Bíblia para justificar suas ações em prol da “ordem” padronizada socialmente que promove o “bem” coletivo. Mas e a parte que Deus diz que devemos amar nossos semelhantes, que se você acredita Nele, Ele SEMPRE estará com você? Em todas as minhas perplexidades e angústias a Bíblia nunca deixou de me fornecer luz e vigor.
Como diz a passagem de Coríntios cap. 13: “[...]Ainda que eu falasse a lingua dos anjos e a dos homens, se eu nao tivesse amor nada seria[...]”. E querem criminalizar o que resume Deus em uma só palavra: o AMOR.
Mais lamentável é a grande aprovação popular que o projeto de lei ANTIGAY esta suscetível de receber em Uganda. Percebe-se o quanto ainda há no país resquícios da ditadura desumana de Idi Amin na década de 1970. Em pensar que o Movimento LGBT estava avançando na causa pelos direitos dos homossexuais... sim, está, devo reconhecer; Mas a caminhada é longa e os obstáculos gigantescos, e enquanto não for universalizada, teremos muitos países arbitrários e intolerantes, como Uganda.
Transformar amor em crime e morte é uma prova de como nós, seres humanos, ainda somos arcaicos.